Regresso à Idade das Trevas, ou a anatomia de um verdadeiro terrorista...
terça-feira, maio 11, 2004
Nota: O texto abaixo é mantido online apenas por razões históricas. O Dr. Pedro Amorim já explicou cabalmente que nunca fez as declarações que lhe são imputadas, ver a propósito post acima. Ao visado as nossas mais sinceras desculpas, quanto ao resto desconfie se ler (apenas) no Expresso.
Segundo a edição online do insuspeito Expresso temos que...
Alegando tendência para difamação
Autoridade quer acabar «blogs»
A Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) pretende acabar com a existência dos chamados «blogs», páginas de opinião muito em voga na Internet, alegando que estes sítios são frequentemente utlizados para difamação, afirmou ao EXPRESSO Online Pedro Amorim, especialista em direito para as novas tecnologias da informação.
O jurista falava à saída do seminário «Ciberlaw'2004», organizado pelo Centro Atlântico, que decorreu na terça-feira no Centro Cultural de Belém
«Os blogs estão cada vez mais a ter uma relação com o jornalismo, e prevê-se uma grande tendência para a difamação. O objectivo da ANACOM é acabar com a criação de "blogs" e espero que seja cumprido», disse Pedro Amorim.
Eu não sei quem é este alegado Pedro Amorim, alegadamente da ANACOM, e com toda a franqueza não quero saber.
O que eu sei é que esse alegado "especialista" é pago com dinheiro de todos nós.
O que eu sei é que problemas básicos como o do monopólio de facto da PT, a falsa liberalização do mercado de telecomunicações, os (altos) tarifários que temos, etc, etc. não parecem preocupar a ANACOM - autoridade reguladora - ao invés, pasme-se, dos blogs.
E não por causa do que já se passou mas, imagine-se, por causa do que se pode vir a passar.
Estas declarações proferidas em nome de um organismo estatal denunciam uma prepotência e uma visão do mundo preocupantes. São fascistas na forma, e totalitárias no conteúdo. Não podem ter lugar num Portugal moderno, democrático e livre.
É imperativo que a ANACOM e o Governo se demarquem imediatamente de tão descabelada ideia.
E é imperativo perceber e explicar como podem florescer no aparelho do Estado tão peregrinas ideias em pleno século XXI.
Como ironiza um leitor do Expresso e dado que...
«estes sítios são frequentemente utilizados para difamação»
Outras ideias para acabar com a criminalidade:
- para acabar com os crimes de abuso de liberdade de imprensa, vamos acabar com os jornais;
- para acabar com os crimes estradais, vamos acabar com os automóveis privados;
- para acabar com os crimes de corrupção no desporto, vamos acabar com o desporto;
- para acabar com os crimes sexuais, vamos castrar toda a gente;
- para acabar com os crimes no seio da família, vamos proibir a família.
Este episódio não é apenas pitoresco, é grave. Grave porque revela uma falta de cultura democrática, grave porque ressuscita a tese medieval de que o que não se fala/discute é como se não existisse.
Grave, porque nem na Coreia do Norte diriam melhor.
Obviamento que tudo vai ser contextualizado, obviamente que não se passou nada.
Mas hoje é capaz de ter sido um dos dias mais negros para a democracia da nosso história recente.
Afinal "eles" estão entre nós. E são eles, os ungidos, que em nome do combate ao terrorismo querem espiolhar as nossas vidas, arbitráriamente, a torto e a direito.
O alegado Pedro Amorim ainda não percebeu que assim, ao querer minar os mais básicos e elementares direitos humanos e constitucionais, o verdadeiro terrorista é ele.
Assim vai a ditosa Pátria nossa amada.
Publicado por Manuel 19:32:00
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