"Les maudits."

George W. Bush, sem querelas, é o presidente dos USA a quem o Olimpo prendou com mais visíveis dotes políticos. Na pátria da "democracia" conseguiu, perdendo nas urnas de voto, ser eleito. Superou mesmo o presidente Kennedy.

Bush não é apenas um génio da política interna do Império, é um teórico, um filósofo profundo dessa política. Gerou, deixando Kant, Hegel ou mesmo Marx roídos de inveja na tumba, uma deslumbrante filosofia política - a teoria do eixo do bem e do mal.

O bem, nessa filosofia, é a Microsoft com todas as suas vigarices internas e internacionais, os depósitos gigantescos dos Bin Laden nos USA, os Apaches bombardeando terroristas iraquianos num pecaminoso casamento, os crimes contra a humanidade cometidos no Afeganistão, em Guantanamo, no Iraque e em Israel e outras manifestações constantes do cardápio de filosofia de Bush.

O mal é, por definição, o contrário do bem, o que não deve ser feito - A ONU exigindo contas ao bem, a França e a Alemanha discordando, Zappatero mandando o Império às favas, aquela percentagem de energúmenos terráqueos que não se assumem do lado do bem.

A pátria de Afonso Henriques, que começou na traição do filho à mãe, não podia senão alinhar ao lado do bem, sobretudo porque benzida, ao longo dos séculos, por tudo quanto é beataria a que nem o Marquês expulsando a jesuitaria, J. António de Aguiar com nome de mata-frades ou Afonso Costa que deles fez funcionários públicos, foram capazes de pôr fim.

No Império para consumo interno, o bem toma a designação adminicula de barrosismo que é uma forma canhestra de uma ancestral maneira de tudo saber e de nunca se enganar - o cavaquismo.

Mas o bem doméstico está agora fixo numa ilha atlântica, onde reina a maior democracia, porque as câmaras municipais são todas da confraria reinante. E daí que os padres do continente já queiram transformar este numa ilha, embora o território não se fique cercado de água por todos os lados.

Se o território fosse como a ilha, era a democracia completa, o BEM estava realizado ao modo doméstico - todos pensávamos do mesmo modo, ou seja, todos pensávamos bem.

A questão é que, no território onde se situa a sede da confraria, há quem pense de outros e muitos modos, com forte sotaque de oposição ao bem e que teime em ficar no mundo condenável e condenado do mal. São os ressabiados, os antipatriotas, os que querem perturbar esse desígnio nacional, ainda maior que todos os descobrimentos de Portugal e Espanha: o futebol. Não entenderam, nem nunca entenderão que o futebol, como indústria, gera emprego, trabalho, aumento de salários, equilíbrio das contas públicas e privadas. São antipatriotas. Querem boicotar, querem os salários que lhes são devidos, querem greves políticas. São os Malditos.

A confraria, sempre apregoando o bem, perde a paciência com o mal, perde o verniz democrático, insulta, injuria, amedronta, mas vai esquecendo que o mal, no caso, os valores democráticos não são dados pelo bem, que é a confraria, mas antes são valores adquiridos pelo património cultural, por lutas de dezenas de anos, de séculos, lutas onde a confraria não estava, pois que, nessa altura, pertencia, ao mal.

E deste modo, para consumo cá em casa, a teoria do bem e do mal, travestiu-se numa óptica maniqueista de teor futeboleiro - bem é o futebol, mal é tudo e são todos os que desligam do futebol, os que preferem cinema ou manifs.

O que demonstra à saciedade que o barrosismo é uma teoria filosófico-política superiormente elaborada no rolar de uma bola de futebol, portanto, e ao menos, mais pacífica do que a de Bush. Mas não lhe fica acima em elaboração intelectual.

Alberto Pinto Nogueira

Publicado por josé 16:07:00  

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