Aniversário Abrupto.
quinta-feira, maio 06, 2004
Abruptamente, lá passou um ano e a blogosfera dos anónimos, antónimos e outros heterónomos, rende-se em homenagem ao mais divertido, de humor inebriante e diversificado, dos blogs que temos: o Abrupto!
Aquele que recitando Sá de Miranda, às vezes se espanta e outras se envergonha, começou por intrigar o leitor que não lhe adivinhava o pedigree. Lembro bem o início e a dúvida que se instalou na blogsofera: será ?! Não será?! Era! E o método de autenticação foi tirado dos melhores “page turners”.
O autor, em dia de inspiração, escreveu: Ó incréus! Vós duvidais deste que vos escreve e vos fala em espanto e vergonha? Pois ficai a saber que amanhã, bem cedo como é de preceito, um jornal de referência desta terra, trará em certa página, um escrito com as palavras que agora vos dou em antecipação. E logo ali, naquele recanto blogosférico de espanto e vergonha, os felizardos leitores puderam apreciar uma passagem escolhida da crónica do dia seguinte!
E o espanto foi geral e as visitas acorreram em barda a saudar o novel blogueador que citava Sá de Miranda e se admirava com a beleza segura dos... selos! Assegurando ali e naquele momento que o selo era um veículo de cultura como poucos!
Confesso que caí nas costas do meu espanto. E não corei de vergonha. Então, ali, naquele sítio tão catita e de humor tão seguro e contagiante, em vez do autor e dono de biblioteca de fazer inveja à da antiga Alexandria, aninhava-se afinal um novo Nestor Halambique!
O imortal personagem de Tintin na aventura do Ceptro de Ottokar, refazia a existência virtual e voltava a falar-nos da suprema importância da sigilografia.
Ó bem aventurada hora em que ali pousei os olhos! Ó magnífico momento de êxtase! Os selos e os sinetes! E já salivava mentalmente perante a antecipada e esperada visão do maravilhoso selo de S. Luis; do selo de Carlos Magno; do selo do Doge de Veneza, Gradenigo, ou , - quem sabe! - o sinal de um sinete do tempo do Cruel Pedro.
Cruel foi, de facto, a expectativa! O que tivemos direito foi apenas a raridades que se folheiam na rua do Alecrim. Enfim...
Depois dessa decepção inicial, lenificada apenas pelo seguro e repousante sentido de humor e o magnífico recorte literário dos postais telegrafados das terras vulcânicas ou escritos nos vaporettos, confesso que lá voltei a espreitar.
E o que vi agradou-me! Dos postais sobre blues matinais, tirei inspiração para me deitar cedo. Das ilustrações recortadas e abarrocadas para respeitarem direitos, também apreciei o estilo. E dos postais escritos a preceito, confesso que só lembro um: aquele em que abruptamente se dizia que havia na blogosfera uns engraçadinhos...
Fónix!
Publicado por josé 23:57:00