Não são novidade nenhuma as recorrentes falhas de comunicação e picardias derivadas entre a PJ e o Ministério Público.

Independentemente das razões que assistem a ambos os lados, que as há, o round de entrevistas do Director Nacional da PJ hoje ao DN e ao Correio da Manhã é um autênico manual no que à deslealdade processual e institucional diz respeito.

Lavando as mãos qual Pilatos, e num acto de total falta de solidariedade inclusivamente para com os muitos profissionais da PJ que tornaram possível o sucesso da operação - sem fugas, sem telefonemas para o PR, sem tentativas de encontrar o Procurador do processo, etc, etc, etc - Salvado chutou toda e qualquer responsabilidade para o Ministério Público. Já antes na Assembleia da República aquando das audiências que decorreram da demissão de Maria José Morgado, Salvado demonstrara um comportamento escorregadio e uma lógica esguia mas nunca tão aberta e descaradamente como agora. Quanto mais não fosse, só por isto - e há ainda a questão da violação chapada do segredo de justiça já focada pelo Venerável Irmão Carlos - Adelino Salvado mostrou que não tem estaleca para estar à frente de uma instituição como a PJ. Os inúmeros,  e também os há-os bem competentes, profissionais daquela casa merecem melhor que um surfista cuja única preocupação é estar na onda certa.

Porque hoje é 25 de Abril, aproveito para manifestar o mais completo e total repúdio pela absoluta mesquinhez manifestada pela Câmara Municipal de Pombal (maioria PSD (!)) ao recusar uma condecoração a Salgueiro Maia. "Para dar uma medalha a Salgueiro Maia teríamos de dar uma a cada um dos militares de Abril", afirmou Narciso Mota - presidente da edilidade - que adiantou  "Não podemos vulgarizar uma homenagem que diz respeito ao município. Eu também era militar no 25 de Abril e a revolução foi feita por muita gente. Não faz sentido estar a fazer uma coisa desse género". A verdadeira revolução, a das mentalidades ainda está por finalizar.

Mas nem tudo vai ao sítio apenas com uma nova mentalidade, à vezes é preciso muito mais que isso - acção -  como nos recorda hoje num soberbo editorial  Eduardo Dâmaso no Público ...

"Portugal é hoje, 30 anos depois do 25 de Abril, um país com cifras negras brutais neste tipo de crimes (corrupção, o clientelismo, o tráfico de influências) que necessita de uma Revolução cívica para os prevenir e de uma Evolução judicial para os arrasar."

P.S. Falar no 25 de Abril e no processo de normalização da Democracia e não falar em Franscisco Sá Carneiro é impossível. Em boa hora o Instituto Franscisco Sá Carneiro colocou online (em PDF) a obra completa daquele grande estadista, prematuramente desaparecido. Absolutamente imperdível.

Publicado por Manuel 18:35:00  

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