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Portugal Confidencial - " A pista da energia" ...

Toda esta história têm início em Maio de 2000, com a celebração de um acordo parasocial entre o Governo do Engº Guterres e a ENI Spa, que estabelecia uma primeira fase de privatização da Galp Energia, até ao final do primeiro semestre de 2002. O acordo estabelecia ainda que caso a privatização não acontecesse a ENI Spa poderia exercer o direito de compra de mais 12 % ficando a Parpública obrigada a vender.

Assim, no quadro de accionistas da Galp Energia em 2000 tinhamos...

  • Estado Português – 34,8 %
  • ENI Spa – 33,4 %
  • EDP – 14,2 %
  • CGD – 13,5 %
  • Iberdrola – 4,00 %
Ou seja, o Engº Guterres, enquanto primeiro ministro, assinou um acordo que iria colocar a ENI Spa em caso de incumprimento por parte do Governo Português - e recordemos que uma IPO está sempre subjacente ao comportamento dos mercados de capitais, que em Maio de 2000 já estavam em fase descendente e de correcção, face à bolha especulativa que rebentou em Março de 2000, ou seja em Maio de 2000 já se sabia que uma IPO de um sector estratégico como a Galp Energia poderia ser arrematado em baixa e com consequente quebra na receita apurada - nas mãos de um estrangeiro accionista.

Mais grave, a não realização do IPO - que se veio a verificariria colocar a ENI Spa com 45,4 % como o maior accionista da Galp.

Bastaria somar a participação directa da Iberdrola na Galp, mais a participação indirecta que a Iberdrola detem via EDP na Galp, para percebermos que em caso de IPO, a GalpEnergia, a tal empresa estratégica passaria para maõs espanholas e italianas
.

A ENI Spa nunca se opôs ao acordo parasocial, pois sabia de antemão que este lhe daria o controlo da empresa, ou via IPO – em bookbuiding – ou através da venda da ParPública pelo incumprimento do acordo.

Acontece que em Fevereiro de 2002, dois meses depois de se ter demitido e um mês antes do actual governo começar a exercer funções, o Engº Guterres, decidiu unilateralmente não realizar a IPO, sem que tenha obtido o acordo da Eni Spa para tal situação.

Que legitimidade teria para o fazer ?

O actual governo, conseguiu através de negociações e alegando as dificuldades no mercado de capitais, adiar o prazo para Dezembro de 2003, tendo conseguido o acordo da ENI Spa, para que esta não assumisse o controlo da empresa contra a vontade do Estado Português.

Onde está o Engº Guterres para explicar isto ?

Entretanto, a estrutura accionista da Galp Energia sofreu uma pequena alteração, estando assim delineada...

O Estado detém, actualmente, 29,25% da Galpenergia, a ENI 33,34%, a REN 18,03%, a EDP 14,27%, a Iberdrola 4,0%, a Parpública 0,75%, a Portgás 0,04% e a Setgás 0,04%.

Um despacho, de ontem, do ministério da Economia, dá conta das reestruturações verificadas no sector enérgetico português...
  1. A GDP (sub-holding da Galp Energia para os negócios do gás) é adquirida, em partes iguais, pela EDP, REN e ENI.

  2. A venda da participação que a ENI detém na GALP (33, 34%) à Parpública, que as adquire transitória e instrumentalmente para a identificação de um novo accionista de referência para a GALP. O processo de identificação do novo accionista já foi iniciado por concurso limitado.

  3. A aquisição, pela GALP, da posição da Iberdrola (4%), através da compra de acções próprias, comprometendo-se o accionista Estado a votar favoravelmente uma proposta de aquisição das participações da GDP na Tagusgás e na Beiragás, pela Iberdrola.

  4. Após a venda da GDP, e depois de aprovado o novo quadro regulatório das actividades gasistas, a rede de transporte de gás em alta pressão e outros activos regulados a identificar serão transferidos para a REN. Nessa altura a REN deixará de ser accionista da GDP, que será detida a 51% pela EDP e a 49% pela ENI.
Encontrado um novo accionista de referência da GALP, proceder-se-á à privatização da GALP, através da realização de um IPO, abrindo-se o capital ao público.

A GALP recentra a sua actividade no seu negócio tradicional, o petróleo, e com uma nova base accionista estável preparar-se-á para a privatização e abertura do capital ao público, até ao final do primeiro trimestre de 2005.

Até aqui, nada de escandaloso a não ser que desde o passado dia 09 de Fevereiro de 2004 que a Grande Loja sabe qual é nome de um dos potenciais – dado por fontes espanholas como o comprador – investidores com quem o Estado (já) se encontra a negociar.

Ao contrário do que o Ministério da Economia nos faz chegar aos ouvidos, foi a Iberdrola que pediu directamente para trocar os 4,00 % da Galp Energia por activos de gás ou electricidade, por forma a poder actuar num mercado perfeitamente regulado que não é o caso do petróleo.

A EDP que possui 40 % da Hidrocantabrico em Espanhacorrente da Iberdrola na electricidadeanunciou a sua intenção de seguir o mesmo caminho da Iberdrolaa EDP detem 3 % da Iberdrola e a Iberdrola 4 % da EDP - e fica com 51 % da futura EDP Gas.

A Iberdrola fica com 58,8 % da Beira Gas e 49,9 % da Tejo Gas, que cobrem 16 % da população portuguesa. A Iberdrola viu a sua participação na GALPEnergia valer 128 milhões de euros por força do valor de 3,2 mil milhões de Euros que vale o capital da Galp Energia.

Assim os restantes 49 % da EDP Gas vao directos para a ENI Spa...

Resumindo, a operação a ENI Spa encaixa com a operação 667 milhões de euros mais 49 % da participação da EDP Gás que valem cerca de 800 milhões de euros.

Se a sua participação na Galp Energia valia “apenas” 1,200 mil milhões de euros, então a ENI Spa recebe mais 250 milhões de euros neste negócio. Ou melhor neste grande negócio.

A primeira bomba é que já na Assembleia Geral da Galp Energia de 28 de Novembro, que a Iberdrola acabaria por impugnar, o assunto em cima da mesa tinha sido, a troca de activos. Ou seja antes de terminar o prazo negociado pelo Governo de Durão com a ENI31 de Dezembro 2003já ele trabalhava nesta solução. A Iberdrola irá receber o dinheiro em dois anos.

Bom, como já devem ter percebido falta aqui uma peça - quem compra a participação da ENI na GALP ? Sabendo-se que o Estado pagou 667 Milhões à ENI pela saída (650 milhões pelo valor mais 17 milhões de dividendos), quem será o tal investidor que vai por 650 milhões adquirir 33,34 % da GalpEnergia ?

A Grande Loja sabe que o vencedor anunciado se chama Carlyle Group.

A Grande Loja sabe que a operação encontra-se a ser montada pelo Banco Espirito Santo, o tal banco de onde António Mexia saiu para ir para a Galp Energia.

A Grande Loja sabe que Patrick Monteiro de Barros está também entre os interessados, via BES.

No dia 20 de Fevereiro de 2004  Carlos Tavares afirmou ao Independente ...

“Face ao crescente interesse na operação, preferimos que a venda da posição seja feita por concurso, escolhendo a melhor oferta para substituir os italianos. O que pode acontecer ainda neste semestre. O calendário da privatização da petrolífera deverá também ser antecipado para este ano.”

Pura Mentira.

A segunda bomba é  que todo o grupo Carlyle, para começar o representante do Carlyle Group encarregado de negociar com a ENI e Galp era, até 20 de Fevereiro de 2004, António Martins da Cruz... ex ministro dos negócios estrangeiros.

Bom, o Grupo Carlyle é comandado por ...
  • Jonh Major – Ex Primeiro Ministro de Inglaterra - Carlyle Europe Chairman

  • Fidel Ramos – Ex Presidente das Filipinas - Carlyle Asia Advisory Board

  • Darman - Conselheiro Orçamental das Adminsitrações Clinton e Bush

  • James Baker – Ex Secretario Estado do tesouro - Carlyle Senior Counselor

  • Franck Carlucci - Carlyle Chairman/CEO

  • George Bush - Ex Presidente dos Estados Unidos - Carlyle Senior Advisor
Para começar, este grupo que tem fortes ligações ao escândalo da ENRON e basta lembrar que a Nortel, uma das empresas implicadas no caso, tinha como administrador... Franck Carlucci.

Para percebermos as ligações suspeitas deste grupo basta lermos um pequeno trecho da insuspeita revista Fortune ...

“To understand more clearly the role being played by this superpower, it is first necessary to accept the fact that the US Administration is - and has been for decades - under the control of its capitalist corporations, a group wielding enormous power due to its vast industrial capacity and world-wide capital investments - to say nothing of its cabalistic, cohesive nature. To confirm this, one has only to scan the lists of the top individuals in both the US Administration and the corporate boards over the past few decades to see the close linkage between the two. As for the post of President: this is an executive post carrying such autocratic power that the Corporate Establishment ensures that ‘their man’ is elected. This election is, in effect, an auction, as exemplified by the fact that oil companies contributed $1.8 million towards George W. Bush’s campaign in the year 2000 - thirteen times as much as they gave his opponent! Again, the Electric utilities donated $447,000 to Bush, but only $65,000 to Al Gore, etc. And, inasmuch as the President-to-be appoints administrators who are, in effect, the policy-makers, the Corporate Establishment - as the highest bidder in the ‘auction’ - ensures that it is well-placed in the seat-of-power. Is this the form of democracy the Athenians had in mind!?

A Grande Loja sabe que no passado dia 4 de Abril de 2003, o Grupo Carlyle esteve em Lisboa , onde o tema da reunião foi o fornecimento de armas as forças da coligação que estão no Iraque.

Se acham tudo isto terrível, informamos que os activos da SBC – Saudi Bin laden Corporation – são geridas pelo Carlyle Group, como contrapartida da vitória da família Bush nos concursos do petróleo no Bahrain atráves da companhia Harken Energy Corporation.

Depois da muito mal contada história da Asat Trust e à qual voltaremos em breve, que a Grande Loja aqui denunciou em primeira mão em Portugal, obrigando a GALP a desmentir-se publicamente, o que tem Carlos Tavares a dizer disto ?.

Nada certamente.

Deixará para Pedro Pires de Miranda ?
Ou será que Durão, regressado de Moçambique, terá reservada uma grande surpresa ?

Publicado por António Duarte 01:05:00  

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