A consciência nacional
quarta-feira, abril 21, 2004
«A justiça não tem data, nem prazo, nem preocupações de carácter nacional, ou mediático, e deve ter sido este conjunto de factores que levou a PJ a desencadear a operação «Apito Dourado» (o nome de código é bizarro), com a detenção de Valentim Loureiro, por agora, e de outros tantos nomes ligados ao mundo do futebol. A verdade é que as suspeitas têm de ser muito sérias, e fundamentadas, para se voltar a pôr o nome de Portugal, e dos portugueses, nas bocas do mundo, por razões muito pouco abonatórias, e a dois meses do Euro 2004, o que não é propriamente uma notícia muito feliz e motivadora.
Agora, quando se falar no Euro, lá vem a história das detenções em massa (e por causa dela) de altos dirigentes do futebol nacional, e isto está longe de se perceber se é apenas a ponta do novelo. Mas não havia outra altura para desencadear esta operação? Ou antes: porque é que não foi há mais tempo, para se evitar esta ligação de má nota com o que vai acontecer dentro de dois meses, ou eventualmente depois do Euro 2004? Não havia forma de atenuar este desprestígio (mais um), a acumular à nossa lista negra de casos de polícia? O assunto é tão dramático? Na verdade, se o caso tem relação com o que há anos se diz por todo o lado, então o tempo, para o País, deveria ter sido medido milimetricamente. Mas está feito, e agora só restam banalidades, as quais não passarão nunca disso: que seja rápido (não vai ser), que vá até ao fundo (longe disso) e que se faça justiça (estamos para ver).»
Luís Delgado, Diário de Notícias
Publicado por Carlos 23:12:00