"Ibi Incommoda"

Ubi commoda, ibi incommoda
velho brocardo jurídico a significar que quem se vale da sua imagem para conseguir vantagens, deve aceitar os incómodos que daí advêm.

O Independente, grande jornal de referência na literatura de cordel do escaparate das sextas-feiras, publica uma lista de nomes e fotografias de figuras publicamente reconhecidas - porque aparecem nos jornais, na televisão e noutros media.

Alegadamente terão sido mostradas pelos investigadores do processo Casa Pia, a testemunhas e eventuais ofendidos, com a finalidade de se identificarem indivíduos, entre figuras públicas, que terão sido abusadores sexuais de crianças.

Isso chega, para fazer dos retratados, suspeitos?!

As pessoas que virem a lista, irão identificar os mesmos como abusadores suspeitos?!



É exactamente essa a ideia que o Independente quer transmitir.

Serve à política editorial do jornal, a bagunça e a confusão que inevitavelmente se irá criar.

Alguns dos visados reagiram intempestivamente - Moita Flores que em tempos foi polícia e investigou crimes e que se diz “criminologista” , é dos que reage mais a peito - acha que a polícia e o MP ao usarem a sua fotografia, actuaram como a Gestapo.
 
Outros não dão importância e aceitam, mesmo que seja a contragosto, o uso da imagem pública que têm.

E quanto a mim, é este o ponto: - quem tem uma imagem pública, naturalmente gostaria de a preservar destas andanças mal frequentadas. Se fosse a minha imagem que ali aparecesse, sentiria o mesmo.

Contudo, noutras situações e noutras ocasiões, tem sido essa mesma imagem que lhes tem dado prestígio, privilégios e eventualmente rendas.

As fotografias usadas, na sua maior parte, terão sido recortadas das revistas sociais ou de cerimónias públicas. Alguns dos retratados aparecem com a foto no recanto da sua coluna de escrita de jornal. Gostam, evidentemente de ser reconhecidos, como Eduardo Prado Coelho ainda há pouco tempo escrevia em crónica.

Desde que as fotos não tenham sido usadas em detrimento da imagem dos visados e tão só como elementos para uma melhor investigação dos crimes em causa e que todos os visados reconhecerão como altamente censuráveis, não se vê qualquer razão atendível para reagirem a la Moita.
 
Como alguns dos visados pelas denúncias de crianças são figuras públicas, como não compreender que se mostrem fotografias exactamente de figuras públicas?!

Prefeririam alguns dos visados das fotos, ser convocados para diligência de reconhecimento?!

Sempre se poderá dizer que as fotos poderiam ter ficado em envelope selado
... e talvez aí haja alguma razão.

Mas como conciliar tal hipóteses com a abertura do processo? Deveria tal envelope permanecer lacrado qual caixa encoirada?! Parece dilema e não é de fácil resolução.

Quanto a mim, espero serenamente pela opinião do notável e imprescindível Luís Delgado, essa voz da razão de quem precisa dela, para se defender do indefensável...

Entretanto, fica o brocardo...

Ubi commoda...

Publicado por josé 00:08:00  

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