GALPgate à vista ?...

Seria pertinente que num futuro próximo o nosso paísse decidisse a comportar-se como os países desenvolvidos e a avançar com uma investigação séria, e com consequências sérias, sobre esta história da GALP mais as suas eventuais ligações a organizações no mínimo de contornos um pouco estranhos.


Como o primeiro post “Al-Qaeda- A Pista Portuguesa”, todas as  nossas humildes investigações centraram-se em simples pesquisas em motores de busca, disponíveis para todos nós, pelo que se torna um pouco “incompreensível” a apatia de muitos e, mais grave, dos nossos serviços de informação, mas e sobretudo a incúria de uma empresa que se diz estratégica em permitir que o seu nome seja internacionalmente associado a casos menos lícitos.

Toda a história assenta em duas pistas-chaves. A relação Galp Energia e a empresa Delta Oil mencionada pela primeira, e a empresa Galp Internacional Trading Limited, com sede no Liechenstein.

Relações muito complicadas e ténues de estabelecer e que todos nós desejamos que não se tenham verificado de facto

O consórcio Cent Gas, para a exploração do Gás na Ásia Central (CentGas) foi formado em 1997, pelas seguintes empresas :
  • Unocal Corporation 46.5 %
  • Delta Oil Company Limited (Saudi Arabia), 15% ;
  • Governo do Turkmenistão, 7 %;
  • Indonesia Petroleum, LTD. (INPEX) (Japan), 6.5 %;
  • ITOCHU Oil Exploration Co., Ltd. (CIECO) (Japan), 6.5 %;
  • Hyundai Engineering & Construction Co., Ltd. (Korea), 5 %;
  • Crescent Group (Pakistan), 3.5 %.
Assim sendo, o consórcio Cent Gas propos-se a construir uma pipeline que ligaria o Turkmenistão ao Paquistão e a India, na condução de gás natural.

Bem perto do Afeganistão portanto. Uma nova pista abriu-se com o estudo de René Tapia, publicado imagine-se no site da Direcção Planeamento e Prospectiva do Ministério das Finanças, onde este afirma taxativamente ...

 "Recorde-se que os Taliban teriam sido ”criados” em 1994 pelo Paquistão com dinheiros do tráfico de estupefacientes e com o financiamento de uma multinacional do petróleo que é a principal accionista do consórcio CentGas, que se propõe construir um “pipeline” que, originalmente, forneceria o Paquistão, a partir do Turquemenistão, passando pelo Afeganistão"
(página 4 do referido texto)

Uma conclusão parece desde logo óbvia, o maior accionista do consórcio Cent Gas que é a Unocal Corporation é visto internacionalmente como o braço financeiro do regime talibã e da Al-Qaeda.

A Delta Oil, voltando ao princípio, é detida por um senhor chamado Al-Amoudi e controlada por Khalid bin Mafhouz, que é apenas irmão de um desconhecido de nome Osama Bin Laden.

Várias publicações norte-americanas falam da Delta Oil e o insuspeito Boston Herald cita “Saudi businessmen have been transferring millions of dollars to bin Laden through Blessed Relief".

Finalmente, uma outra questão, e que assenta na empresa GITE- Galp International Trading Limited com sede no paraíso fiscal do Liechenstein. O Liechenstein é muito citado nas ligações ao Al-Taqwa Bank e a empresa Nada Management na sequência do 11/Setembro, conforme o primeiro post aqui colocado mencionava.

Ora esta empresa faz exactamente o quê ?

Bem, segundo o Llyods, a GITE é a empresa da GALP que trata do comércio de petróleo. O Llyods respondeu-nos assim via e-mail à seguinte pergunta ...

"Quem são os sócios da GITE ?"

"Galp International Trading Establishment (GITE), was established in Liechtenstien on 6 December 1990. GITE is the trading arm of Petroleos de Portugal SA (Petrogal). We were told in January 2001 that GITE is wholly-owned
by the Petrogal group, furthermore, the company continues to trade in crude oil.

The 1999 annual report for Petrogal seemed to indicate that it had sold its interest in GITE. Prior to 1999, the annual report listed the group's participation in GITE as being 100%. However, from 1 January 1999 onwards, the
group participation in GITE was listed as nothing in the annual reports.
Further to this a note stated that, "the participation in this company was sold in 1999, of which 24% belonged to a subsidiary Petrogal Exploracao, Lda."
Whilst this note suggested that the group had sold its interest in GITE, an extract from the same annual report would appear to refute this. Here Petrogal state that "at the beginning of 1999 Petrogal Exploracao purchased from Petrogal
SA 24% of the capital of GITE." The statement went on to say that, "this company will ensure the commercialisation of Petrogal Exploracao's output andthe supply of sweet crudes to Petrogal SA."

After contacting a source in Petrogal's trading department, in January 2001, we have received final confirmation that GITE is still wholly-owned by the Petrogal Group. What appears to have happened is a reshuffle of the functions or
responsibilities of some of the trading arms of the Petrogal group. "


Em 2000, e segundo os relatórios e contas da própria Petrogal, esta detinha 100% da GITE de que era presidente do respectivo C.A. o Drº Luís Alberto Gouveia Monteiro Forte.

Mas, estranhamente em 2001 nos relatórios consolidados a GITE aparece detida apenas por 24 % pela Petrogal Exploração. Uma alienação não comunicada.

A pergunta impõe-se a quem alineou a Petrogal a participação da 76 % na GITE ?

Não é obrigada a comunicá-lo aos mercados quando coloca o controlo de uma participada fora do Grupo ?

Alienar uma empresa que é tida pelas entidades internacionais como o trade arm da GALP terá sido um negócio ou o negócio ?

Nos relatórios de contas de 2002 a GITE desaparece no capítulo reservado ao Governo da Sociedade – onde são especificados os cargos desempenhados – apesar de continuar a constar na demonstração financeira consolidada para a Petrogal Exploração com sede no Funchal.

Ou seja quem detém externamente o controlo da empresa responsável pelo comércio de petróleo para a Petrogal ?

Mas à medida que pesquisamos vamos descobrindo novos ramos desta empresa estratégica portuguesa.

Segundo os relatórios da Global Witness a Petrogal terá pago a título de impostos qualquer coisa como 13 milhões de dólares ao governo angolano, ou melhor dizendo, e segundo a Global Witness, ao próprio José Eduardo dos Santos.

Mas, infelizmente as coisas não se ficam por aqui.

O famoso projecto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC) Pipeline tem como participantes no projecto as seguintes empresas ...

Those partners are: SOCAR (the state oil company of Azerbaijan); BP (UK); TPAO (Turkey); Statoil (Norway); Unocal (USA); Itochu (Japan); Amerada Hess (USA); Eni (Italy); TotalFinaElf (France); INPEX (Japan) and ConocoPhillips (USA).

Um rápido olhar diz-nos que está lá a Unocal Corporation - a tal que e tida como o braço financeiro da Al-Qaeda - e imagine-se a italiana ENI. O relatório e contas da Galp Energia de 2002 diz-nos que a ENI detêm qualquer coisa como 33,4 % do capital social da GALP...

As conclusões ficam para quem de direito.
Limitamo-nos a pesquisar onde todos tem acesso



Publicado por António Duarte 16:34:00  

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