Porquê esta sanha, agora?!
Alguns comentadores, "opinionistas" e catedráticos pedem já, abertamente, a cabeça de Souto Moura, em sacrifício e em desagravo das ofensas à honra e dignidade do Chefe do Estado, tendo como pretexto a divulgação de uma carta anónima que se encontra no processo da Casa Pia e que toda a gente, sem excepção, entende como irrelevante para esse efeito.
Nem o próprio P.R. se julgou agravado na sua honra e consideração, pelo teor da carta anónima, uma vez que aparentemente e muito bem, aliás, não a valorizou (não ofende quem quer...) Isto, atendendo ao teor da comunicação televisiva. Julgou-se , isso sim, injuriado pela sua inclusão no processo e posterior divulgação. Fará isto algum sentido, para quem queira julgar friamente, o assunto?
Parece pacífico, agora que já passou a primeira leva de ataques pessoais ao procurador do processo que o mesmo se limitou a fazer o que todos os magistrados do MP fariam no seu lugar: incluir o documento e analisá-lo ainda que perfunctoriamente e deixá-lo arquivado no processo que é onde aparentemente pertence. Apenso; escondido num envelope ou metido numa capa, é aí que deve estar e ficar.
Um dos penalistas mais em voga, Germano Marques da Silva, já absolveu publicamente o magistrado responsável de qualquer crime ou escapadela disciplinar , aproveitando porém o ensejo do holofote mediático para dizer que o mesmo pode ser prejudicado na informação hierárquica.
Uma palavra para este procedimento?! Já está dita mais abaixo...
Os "opinionistas" mediáticos e alguns bloguistas conhecidos querem a cabeça de Souto Moura por causa disso?! É evidente que não!
Então, prosseguindo nesta análise, também ela opinativa, o que querem afinal, com essa demissão exigida?!
Torna-se evidente que o objectivo pretendido e até já confessado, é o de alterar o rumo da investigação, desta e doutras que se prevêem vão ser feitas, sobre o assunto do abuso sexual de menores e sobre outros assuntos mais candentes e que os opinionistas engajados como é o caso dos da causa nossa pretendem alterar, à viva força.
É legítimo perguntar porquê.
Os métodos de investigação da polícia Judiciária que temos, e as regras de procedimento seguidas por todos os magistrados do Ministério Público podem e devem ser analisadas a todo o tempo e quanto mais melhor.
A investigação criminal em Portugal, relativamente aos crimes graves, não parece ser a melhor se questionarmos a sua eficácia. Não se investiga bem a corrupção, por exemplo e os métodos de investigação não são suficientemente conhecidos da opinião pública, mesmo da mais esclarecida.
Há nesta altura a suspeita que o Governo, no seu conjunto, tem uma atitude laxista em relação a este assunto. Os sinais desse laxismo vêem-se através das turbulências que têm afectado a aorgânica interna da Polícia Judiciária, desde a saída de Maria José Morgado. O sinal não é positivo, por muito que o Primeiro-Ministro queira dar a entender o contrário.
Toda esta questão redunda, por isso, no velho problema da luta pelo poder nas suas variadas formas, o de governar, o de mandar nos outros, aqui e ali, e no de conservar privilégios, dando a entender que são perfeitamente legítimos e até naturais.
A melhor forma de defender estes pontos de vista, é brandir a bandeira da legitimidade democrática conseguida pelo voto.
E nisso, os eleitos nunca deixam passar a oportunidade. Alguns escudam-se exclusivamente nesta armadura para se defender de ataques legítimos da opinião pública e publicada.
Com a demissão exigida do procurador Geral, o que pretendem os ´sediciosos`?!
Mais impunidade do que aquela que já têm! E têm a certeza que este PGR não lhes dá essa margem de manobra. Preferem um outro! Vamos lá a ver qual...
Não querem um PGR que não lhes passa cartão e vassalagem nem lhes atende os telefonemas. Os opinionistas de serviço já questionam o modelo de autonomia do MP e a independência do PGR.
Um PGR que dependa do Primeiro-Ministro ou do Ministro da Justiça têm que atender os telefonemas e conversas destas personagens eleitas e este, aparentemente, não o faz.
Será talvez o drama dele, mas é concerteza a marca de um Homem. E é por isso que o querem correr. Com o apoio ingénuo de muitos idiotas úteis que de justiça sabem o que ela produz, mas nada percebem dos meios de produção.
A transcrição das escutas telefónicas que já vieram a público é suficientemente esclarecedora dos métodos normais da política, à moda da casa, golpes baixos, intriga, pressão descarada, manipulação dos media até onde for possível. Foi apenas por isso, aliás, que se indignaram com a violação do segredo de justiça, engendrada também por essa estratégia.
Para isso, o jogo político precisa de muitos peões de brega e de propaganda que baste. Para além disso, há um jogo subterrâneo que congrega apaniguados de lojas e clubes secretos.
Esta parte da sociedade portuguesa, os cidadãos, na sua generalidade não a conhece. Ouvem falar; desconfiam que lalgo haverá, mas não sabem.
A Moderna, podia e devia ter destapado o caldeirão onde está a poção mágica, mas este foi arrefecido a contento de todos os visados.
Contudo quem acompanhou, leu e viu, aprendeu muita coisa e principalmente isto: não há departamento ou função do Estado que escape a esse fenómeno secreto.
E contudo, os cidadãos que escolhem pelo voto, têm o direito de saber! Todos temos o direito de saber se determinadas decisões são tomadas com a legitimidade dos eleitos pelo voto ou através das manobras de clubistas secretos, sejam eles das lojas regulares, sejam eles das santas capelas.
Portugal tem assim um problema, não sabemos quem manda verdadeiramente e que interesses se acotovelam e acutilam os que mandama na aparência! Não sabemos se temos um primeiro minsitro destemido e independente ou um medroso e timorato.
O que um marido de uma ministra disse há algum tempo sobre o processo de escolha do TGV devia ser perguntado no Parlamento, ao próprio. Ninguém se interessou, aparentemente.
Este episódio da exigência de sacrifício do PGR insere-se neste contexto pantanoso.
Qousque tandem?!
Publicado por josé 11:49:00
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