O acontecimento mais importante desde o início do Processo Casa Pia ...
domingo, janeiro 04, 2004
Cunha Rodrigues preocupado com "momento complexo" do sector
Porto, 03 Jan - O ex-Procurador-Geral da República, Cunha Rodrigues, mostrou-se hoje preocupado com o "momento muito complexo" que a justiça vive em Portugal, mas escusou-se a aprofundar a sua opinião porque se considera impedido pelo seu estatuto.
"O momento é obviamente muito complexo. Não esperariam de mim que dissesse coisas inócuas sobre ele. Teria de dizer coisas com conteúdo, mas isso é-me vedado pelo meu estatuto (de juiz do Tribunal Europeu de Justiça)", afirmou.
"Vocês têm hoje outro Procurador-geral da República, peçam-lhe que ele se pronuncie", afirmou ainda Cunha Rodrigues, que falava à entrada para um debate sobre a Constituição e justiça europeias, promovido pela Câmara de Penafiel.
Cunha Rodrigues considerou ter "dupla obrigação de reserva" quanto a qualquer opinião que queira dar sobre a situação portuguesa, não só pelo seu actual estatuto, como também pelo facto de ser ex- procurador-geral.
Por isso, escusou-se a comentar a inclusão no processo da Casa Pia de uma carta anónima, envolvendo os nomes do Presidente da República, de António Vitorino e de outras figuras públicas, apesar do próprio Ministério Público ter considerado esta irrelevante e do Código de Processo Penal proibir a junção a inquéritos de documentos sem autor identificado.
O juiz afirmou-se "preocupado" com a situação "enquanto cidadão", garantindo que tem acompanhado o assunto "de longe", acrescentando que "a justiça na Europa vive ciclicamente momentos de euforia e momentos de depressão".
"Nas depressões impõe-se que as elites elevem o seu discurso, porque o que se eleva converge", disse.
Lusa
Porto, 03 Jan - O ex-Procurador-Geral da República, Cunha Rodrigues, mostrou-se hoje preocupado com o "momento muito complexo" que a justiça vive em Portugal, mas escusou-se a aprofundar a sua opinião porque se considera impedido pelo seu estatuto.
"O momento é obviamente muito complexo. Não esperariam de mim que dissesse coisas inócuas sobre ele. Teria de dizer coisas com conteúdo, mas isso é-me vedado pelo meu estatuto (de juiz do Tribunal Europeu de Justiça)", afirmou.
"Vocês têm hoje outro Procurador-geral da República, peçam-lhe que ele se pronuncie", afirmou ainda Cunha Rodrigues, que falava à entrada para um debate sobre a Constituição e justiça europeias, promovido pela Câmara de Penafiel.
Cunha Rodrigues considerou ter "dupla obrigação de reserva" quanto a qualquer opinião que queira dar sobre a situação portuguesa, não só pelo seu actual estatuto, como também pelo facto de ser ex- procurador-geral.
Por isso, escusou-se a comentar a inclusão no processo da Casa Pia de uma carta anónima, envolvendo os nomes do Presidente da República, de António Vitorino e de outras figuras públicas, apesar do próprio Ministério Público ter considerado esta irrelevante e do Código de Processo Penal proibir a junção a inquéritos de documentos sem autor identificado.
O juiz afirmou-se "preocupado" com a situação "enquanto cidadão", garantindo que tem acompanhado o assunto "de longe", acrescentando que "a justiça na Europa vive ciclicamente momentos de euforia e momentos de depressão".
"Nas depressões impõe-se que as elites elevem o seu discurso, porque o que se eleva converge", disse.
Lusa
Embora não o pareça, Cunha Rodrigues, ainda é um dos homens mais poderosos do País e a suas declarações, o timing e o tom são rigorosamente tudo o que lhe queiram chamar, tudo menos inócuas.
Não interessa que seja em boa parte por causa dele, por acção e omissão, que as coisas estão como estão hoje na Justiça.
Cunha Rodrigues chegou a sonhar ser PR, em nome do sacrossanto bloco central, e quase que o conseguia... Cunha Rodrigues sabe muito sobre muitos e de certeza que tem boa memória... Ontem Cunha Rodrigues sem meias tintas fez uma declaração de guerra objectiva ao seu sucessor.
Ao declarar aos jornalistas "Vocês têm hoje outro Procurador-geral da República, peçam-lhe que ele se pronuncie" Cunha Rodrigues dessolidariesou-se inequivocamente do actual PGR, e da equipa de liderada por João Guerra, já que considera implicitamente que as explicações até hoje dadas não são suficientes.
Ao afirmar, taxativamente, que "Nas depressões impõe-se que as elites elevem o seu discurso, porque o que se eleva converge" Cunha Rodrigues está ostensiva e declaradamente a apelar à acção convergente das élites.
Ora, a não ser que Cunha Rodrigues conheça outras élites que não as habituais, nós já sabemos para onde convergem as élites do costume pelo que estamos conversados...
P.S. 1. Segundo o JN, as defesas agora querem declarar sem efeito todos os actos praticados por Rui Teixeira, a começar pela detenção de Bibí, facto quem nem o advogado deste contesta...
P.S. 2. O deputado europeu do PSD Pacheco Pereira considera que o Processo Casa Pia pode vir a ser danoso para a justiça portuguesa. Em entrevista concedida à Rádio Renascença e ao jornal Público, a ser publicada este Domingo, o eurodeputado afirma: «Se neste processo, com esta visibilidade, se verificar que toda a gente é inocente e que, portanto, não havia nenhum fundamento na acusação, lhe garanto que a Justiça portuguesa tem a maior crise de sempre». JPP, que sempre nos habituou a ser sensato e a só falar do que sabia, e que sabe muito bem o impacto que estas declarações já estão ao ter, anda estranho. É uma pena.
P.S. 3. A 21 de Dezembro de 2002, por alturas dos primeiros petardos do Caso Casa Pia, o Expresso publicou em primeira página uma estranha notícia...
Miúdos da Quinta do Mocho levados para o estrangeiro
CRIANÇAS de bairros degradados da periferia de Lisboa, a maior parte da antiga Quinta do Mocho, foram levadas para Inglaterra ou para a Holanda, onde desapareceram. Esta foi a conclusão a que chegaram os inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras na investigação à suposta rede de tráfico de menores, desmantelada em Dezembro de 2000, com a detenção do luso-angolano Pedro Costa Damba no aeroporto de Faro. Ao princípio pensava-se que os menores em causa tinham vindo todos directamente de Angola, mas os inspectores encontraram casos de crianças que viviam em Portugal há muito tempo e muitas delas seriam mesmo portuguesas.
Mais tarde falou-se até de tráfico de orgãos, noutros orgãos de comunicação social. Aonde foram dar as investigações ?
P.S. 4. O autor da prosa da Lusa não se coíbiu de afirmar que o Código de Processo Penal proibe a junção a inquéritos de documentos sem autor identificado. Uma mentira, proferida mil vezes, não passa a verdade.
P.S. 6. Se a tal denúncia anónima, agora em causa, citasse Paulo Portas, por exemplo, a indignação seria a mesma que hoje se vê? E se nesse caso tivesse sido destruída, as reacções seriam também as mesmas?
P.S. 6 quem soprou aos jornalitas para irem a Penafiel ouvir o ex-PGR ? A resposta esclarece muita coisa...
P.S. 7 "O praeclarum custodem ovium lupum!" (Cícero)
Publicado por Manuel 09:37:00
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