José Manuel Durão Barroso vai discursar hoje na Abertura do Ano Judicial, em substituição da Ministra da Justiça, que, vá lá, entrará muda e sairá calada.
Entretanto a Souto Moura, Procurador Geral da República, lá vão sendo dados sinais, atrás de mais sinais, para que perceba que é um erro de casting. Não que se questione a competência do Homem, não que se questione a boa-fé, não que se questione a dedicação ou o profissionalismo mas Souto Moura não é um Príncipe, é um diplomata excessivamente bem educado.
Souto Moura provavelmente não leu Maquiavel, e se leu, certamente despreza-o.
Souto Moura parece que não atende telefones, parece que ignora os equilíbrios ardoamente tecidos e urdidos ao longo de anos, quando não décadas, em suma é pouco sociável.
Para os novos tempos, afiançam, é preciso alguém pragmático e ambicioso, alguém que compreenda as peculariedades do sistema e saiba viver com elas.
Cluny poderia ser o candidato natural mas o que provocou a sua meteórica ascenção, é também, ironia do destino, aquilo que o impede de chegar ao topo, é, chamemos-lhe assim, o paradoxo de Cascais.
Cândida Almeida, pode ser a almejada princesa. Com o apoio da clique de Cunha Rodrigues, do Bloco Central e defensora de um MP mais agressivo e musculado, se calhar até com a tutela da PJ de presente, ainda que o preço a pagar por isso seja a vigência do célebre critério de oportunidade (política) e com um fraquinho pela comunicação social teria tudo a seu favor.
Há só um pequeno detalhe, Souto Moura ainda é PGR, e se Maquiavel lhe dá certamente urticária, talvez a leitura de Carl von Clausewitz lhe dê algumas ideias, que lhe permitam recuperar o sono.
É que se é um facto que que para o MP os fins, por mais nobres que sejam, não podem, ou devem, justificar todos os meios, como parece verificar-se por outras bandas, e como defendia afinal Maquiavel junto dos seus príncipes, também é verdade que como recordava Clausewitz a guerra é apenas a extensão da diplomacia.
E Souto Moura sabe que há causas porque vale a pena continuar a lutar...
Não se lhe pede que seja o último dos Moicanos, muito menos o último samurai, apenas que cumpra aquilo que jurou cumprir até ao fim. No more, no less. Um dia a História agradecer-lhe-á.
Para terminar diz-se por aí que Carlos Cruz, é como se já estivesse cá fora. Dejá vu, a única diferença é que no épico clássico grego Helena estava sequestrada em Troia e não dentro do célebre cavalo que rompeu o cerco...
Publicado por Manuel 01:38:00