para memória futura:

O pântano, ou o regresso do equílibrio no terror

Agora estalou na blogosfera e arredores um murmúrio acerca de umas enigmáticas declarações do Dr. Mário Soares à SIC-Notícias onde, e a propósito do escandalo pédofilo em propagação nos Açores,  parece que terá afirmado qualquer coisa como "há três anos houve uma coisa parecida na Madeira, pior porque até morreu uma criança, e nunca se soube de nada, não se investigou.".

Eu sobre esta matéria julgava  que no Mar Salgado tinha sido dita a única coisa que havia para dizer e ponto final. Mas não, afinal havia muito para dizer e logo houve quem recordasse os "anos eufóricos do cavaquismo"(!), não sei se a causa de todos os males.

Alberto João Jardim está no poder desde 1978 e pode, como é dito no Terras do Nunca ser completamente inimputável mas se o é, é-o simplesmente porque as pessoas o deixam ser e todos os Governos deixaram.

A inimputabilidade de Jardim, a pedofilia nos Açores, como a fome em África, a droga e a SIDA ou os massacres no Ruanda há muito que não ferem as nossas boas consciências...

Pura e simplesmente não ligamos, ou é longe ou é sempre com outros ou são causas perdidas que só acontecem a terceiros, dizem muitos para sí próprios. E é este não ligar, esta indiferença que depois  nos causa espanto quando a coisa não é nos confins  da Terra, é cá no continente, com gente conhecida, se calhar na casa do vizinho do lado.



É por estas e por outras que seria trágico que em nome, claro, do interesse nacional, do bloco central dos interesses, se viesse a desviar, como está objectivamente implícito nas nada inocentes palavras de Soares, para as ilhas toda a fúria  acumulada  por décadas de  () consciência, e problemas oftalmológicos,  para que cá no continente fiquem todos subitamente branqueados...  Não que não se  deva  investigar  tudo, em todo o lado, e até às últimas consequências, mas nunca, jamais, numa qualquer lógica "do toma lá dá cá", do tit for tat  ...
 

Publicado por Manuel 07:01:00  

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