Nunca é Tarde para se ter uma Infância Feliz


«A gente já não sabe o que há-de fazer com a lua
Gerou-se um curto-circuito no canal telepático
E a caverna clandestina por detrás da cascata
Onde os amantes se entregavam à eternidade
Hoje não passa dum moderno armazém de sucata

Existem mil produtos para encher o vazio
Criámos computadores para ampliar a memória
E todos nós temos disfarces para aumentar a confusão
Só não sabemos como fazer o amor durar
O grande enigma continua a dar-nos cabo do coração

"Olá, a que horas parte o teu comboio?
O meu é às cinco e trinta e três
Ainda falta um bom bocado,
Queres contar-me a tua história?
Espera, deixa-me adivinhar,
Vais recomeçar noutro lado...
Trazes escrito na bagagem
Que a coisa aqui não deu...
Quanto a mim, também me sinto um pouco desenraízado... "

Também o amor se adapta às leis da economia
Investe-se a curto prazo e reduz-se a energia
E quando o barco vai ao fundo ninguém quer ser culpado
Mas nunca é tarde para se ter uma infância feliz
O cavaleiro solitário ainda sonha acordado
AIÔ - AIÔ - AIÔ - AAAAAHHH!
AIÔ - AIÔ - AIÔ - AAAAAHHH!
AIÔ - AIÔ - AIÔ - AAAAAHHH!
AIÔ - AIÔ - AIÔ - AAAAAHHH!»

«NUNCA É TARDE PARA SE TER UMA INFÂNCIA FELIZ», Jorge Palma, 1985


Publicado por André 09:40:00  

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