... e o cerco a Durão continua.

Pressões sobre Durão Barroso

Durão Barroso pediu aos militantes do PSD para manterem silêncio em torno das presidenciais. Mas o apelo não foi seguido. O debate sobre o escrutínio presidencial está definitivamente lançado nas hostes sociais-democratas. Mesmo sem o presidente do partido se pronunciar sobre o assunto, sucedem-se as proclamações de apoio aos pré-candidatos na corrida a Belém. Neste momento com larga vantagem para Pedro Santana Lopes.

Três dirigentes da bancada parlamentar social-democrata - Gonçalo Capitão, Jorge Neto e Marco António - e o líder da JSD, Jorge Nuno Sá, estão sem reservas ao lado do autarca de Lisboa, considerando que Santana está mais bem colocado para ganhar as presidenciais - única eleição que nenhum candidato de direita venceu em três décadas de regime democrático. Entre os argumentos invocados, destaca-se um: a juventude do candidato, que tem 47 anos.

«Santana Lopes corporiza o ideal de uma nova geração. Sem desprimor para outros candidatos da área do meu partido, é esta afirmação de modernidade geracional que destaco, acima de tudo, na personalidade dele», disse ao DN o deputado Jorge Neto.

Outro vice-presidente do grupo parlamentar «laranja», Gonçalo Capitão, vai ainda mais longe, afirmando que o apoio a Santana constitui «um grito geracional», capaz de mobilizar os jovens novamente para a política.

«Se ele for candidato, essa será a campanha da minha vida. O cargo de Presidente da República assenta-lhe como uma luva. A política encarada de forma clássica, em que o chefe de Estado é visto como uma espécie de vaca sagrada, esgotou-se nestes tempos de integração europeia, em que se vão esbatendo as identidades nacionais», afirmou Gonçalo Capitão.

Para este deputado, a Constituição portuguesa garante ao Presidente da República poderes suficientes para que este tenha «uma intervenção muito mais activa e menos cinzenta» do que a do actual chefe de Estado.

«Santana Lopes dá uma ênfase especial ao lado emocional da política, muito para além do entendimento politicamente correcto do cargo de Presidente da República como mero garante do funcionamento regular das instituições», acentuou o deputado.

Marco António, que acumula as funções de vice-presidente do grupo parlamentar com a liderança da distrital social-democrata do Porto, é outro defensor de longa data da candidatura presidencial de Santana. Sexta-feira à noite, falando num jantar na Maia onde Santana foi a figura em destaque, Marco António fez votos para que «o ciclo político que aí vem seja concluído com a vitória de Durão Barroso nas legislativas de 2006». Sobre as presidenciais, manteve-se fiel ao pedido de silêncio feito pelo líder do partido. Mas assegurou: «Não mudo de opinião.» Uma referência ao seu conhecido apoio à candidatura de Santana.

Já ontem, em entrevista ao Expresso, o líder da Juventude Social-Democrata declarou igualmente que votará em Santana para Belém. «O objectivo da JSD é que haja um candidato ganhador», afirmou Jorge Nuno Sá.

Embalado por esta vaga, o próprio autarca de Lisboa já ironiza com o pedido de contenção feito aos militantes por Durão Barroso. Na quinta-feira, falando aos jornalistas no final de uma sessão evocativa de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, Santana afirmou ser cedo para se assumir como candidato a Belém, até porque «Durão Barroso não quer» que se ande a falar disso e ele até gosta de «ser simpático» com o líder do partido.

A multiplicação de vozes de apoio a Santana funciona como um factor objectivo de pressão sobre Durão em matéria de presidenciais. Por ironia, um dos militantes mais fiéis ao apelo do líder continua a ser Aníbal Cavaco Silva, que mantém um pesado silêncio nesta matéria.




Marcelo garante: Cavaco Silva «quer ser candidato»

«É patente que Cavaco Silva quer ser candidato» às eleições presidenciais de 2006. A convicção é de Marcelo Rebelo de Sousa, que aponta a forma como o ex-primeiro-ministro «gere o silêncio». Mesmo «quando desmente, usa aquela expressão elástica "não está neste momento nos meus planos". Isto dá para tudo», refere o professor em declarações ao DN.

Marcelo também não tem dúvidas de que uma candidatura do ex-primeiro-ministro e ex-líder social-democrata ao Palácio de Belém só depende do próprio: «Toda a gente no partido já disse que ele tem primazia. Só não será candidato se não quiser

Cavaco Silva, acrescenta o professor, «tem essa posição invejável»: qualquer outro candidato da área do centro-direita «depende de si, mas também de outrem». Depende, nomeadamente «de o doutor Cavaco querer avançar ou não».

Já nas contas à esquerda, Marcelo Rebelo de Sousa diz que a posição assumida pelo Bloco de Esquerda (BE) - que promete um candidato autónomo, caso António Guterres avance para Belém- «pode beneficiar» o ex-primeiro -ministro socialista, colocando-o ainda mais ao centro do espectro político.

Esta é sobretudo uma forma de também o BE «marcar o seu espaço», garante. No fundo, acaba por ser também «uma posição mais pró do que anti-Guterres», conclui o professor.


Os paralelismos entre o fim de Salazar e o fim próximo de Durão começam a ser gritantes, a dúvida que resta é saber se Durão caiu da cadeira  ...

Publicado por Manuel 01:50:00  

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