directamente do Expresso Online ...



 
NOS meus tempos de miúdo, havia uma secção nalguns jornais, como o «Diário Popular», e revistas de aventuras que despertava sempre a minha curiosidade. Intitulava-se «Acredite se quiser...» e era um misto de retratos do insólito e de jornal do incrível, onde se relatavam factos extravagantes e acontecimentos inacreditáveis.
 
Desde então, há frases e atitudes de responsáveis políticos que, pela sua inverosimilhança ou hipocrisia, me fazem lembrar, inevitavelmente, essa fantástica secção. É o caso de algumas afirmações recentes dos mais lídimos representantes do populismo político português, Santana Lopes e Paulo Portas (e já não se incluem os disparates do mais novo «compagnon de route» de ambos, Alberto João Jardim, para poupar os leitores do Online).
 
Diz Santana Lopes que «o mais natural será candidatar-me a um segundo mandato em Lisboa, mas vamos ter que esperar. Eu não sou de obsessões». E assalta-nos, de imediato, a pergunta: Onde é que eu já ouvi isto? Na Figueira da Foz? No Sporting?
 
E, como se vestisse outra pele e passasse uma esponja sobre tudo o que tem dito e feito desde há um ano, acrescenta: «Este ainda não é o tempo de falar de eleições presidenciais. O que se disser sobre o assunto não ajuda nada». Durão Barroso ainda deve estar de boca aberta depois de ter lido tal afirmação e confirmado quem era o autor. Santana Lopes, ele mesmo, que num último requinte para os mais incrédulos, conclui: «Nas eleições presidenciais não pode haver um miligrama de irresponsabilidade». Acredite se quiser...
 
Por seu lado, Paulo Portas, que redescobriu agora, a propósito da revisão da Constituição e das homenagens a Maggiolo Gouveia, a sua vocação de neocolonialista retardado, veio informar o país que o «dr. Mário Soares também cometeu erros trágicos, como na descolonização». E no combate que travou durante 30 anos contra a ditadura e o colonialismo, esqueceu-se de acrescentar.
 
Não se conteve, no entanto, de dissertar sobre «as três derrotas» que Mário Soares sofreu recentemente: «João Soares perdeu as eleições para a Câmara de Lisboa; Maria Barroso não se manteve à frente da Cruz Vermelha Portuguesa; Jorge Sampaio é o Presidente da República». Pacheco Pereira já salientou o significado de Portas se referir nestes termos ao afastamento político (que ele próprio promoveu!) de Maria Barroso. Mas a referência a Jorge Sampaio não lhe fica atrás, no que respeita à elegância política e ao sentido de Estado que se esperam de um ministro de Estado e da Defesa.
 
Acredite, se quiser, que é a esta dupla Santana/Portas que a direita quer entregar os destinos do país.

Publicado por Manuel 16:58:00  

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