Depois do patriotismo demonstrado por um dos bons rapazes, Diogo Vaz Guedes, continuam as dúvidas, e que dúvidas, nomeadamente sobre o verdadeiro reach dos negócios da CGD e o sector energético...
Editorial > 2003-12-12
Para Espanha e sem força
Miguel Coutinho - DE
Uma dúvida inevitável assalta os espíritos mais curiosos: de quem é a paternidade da expansão da Caixa Geral de Depósitos em Espanha, através de uma eventual compra do banco Atlántico?
Será uma instrução do primeiro-ministro e da ministra das Finanças prontamente executada pelo presidente da Caixa Geral de Depósitos? Ou será uma iniciativa de António de Sousa que, para abrilhantar o seu final de mandato com uma lança em Espanha, convenceu o accionista Estado?
Será, em suma, uma decisão de gestão com consequências políticas ou uma opção política travestida de acto de gestão?
A questão terá a maior relevância para quem vive atemorizado com a eventual veracidade dos rumores segundo os quais a compra pela Caixa de um banco em Espanha terá como contrapartida um acordo político que reforçará a posição da banca espanhola em Portugal.
Não é, porém, essa a questão central. Num mercado aberto o curso natural das coisas é que os bancos espanhóis reforcem, se possível dentro dos limites do bom senso, a sua posição em Portugal e que, em muito menor escala, os bancos portugueses vão entrando paulatinamente em Espanha.
Num mundo ideal poder-se-ia crer que o sistema financeiro português seria o último reduto dos centros de decisão nacional, uma espécie de aldeia dos gauleses dos livros de banda desenhada. A desconstrução desse mundo ficcionado, pela dinâmica das economias ou pelas cedências dos políticos, deverá reduzir-se a uma mera questão de tempo.
A questão central é, sim, a de saber se valerá a pena o esforço da Caixa Geral de Depósitos. Se a posição que o banco público adquire em Espanha valerá o investimento e pagará o ónus do precedente que vai inevitavelmente criar. Se ao foguetório decorrente de uma eventual vitória da Caixa não se seguirá uma ressaca dolorosa. A dúvida é legítima atendendo ao rol de insucessos do banco público em matéria de internacionalização, nomeadamente em Espanha.
Portugal tem este terrível defeito de viver de fogachos, de se impressionar com a espuma dos dias e desmerecer o equilíbrio e a consistência.
É essa atracção pelo abismo, pelo ilusório que faz faísca, que poderá fazer a Caixa Geral de Depósitos subir a parada na corrida por um pequeno banco espanhol com capitais líbios.
Entretanto algumas perguntas continuam por responder. Como e por ordem de quem foi introduzida entre as votações na generalidade e na especialide do Orçamento uma verba de 400 milhões para financiar a operação da Caixa? Estarão a Caixa e a economia portuguesa em condições de ir para Espanha e em força com o dinheiro dos contribuintes? Ou ficará esta operação recordada como uma triste ‘nacionalização’ de um banco privado espanhol por uma instituição pública portuguesa? Nem Vasco Gonçalves, nos anos loucos da revolução, foi tão longe com os bancos estrangeiros… em Portugal.
Para Espanha e sem força
Miguel Coutinho - DE
Uma dúvida inevitável assalta os espíritos mais curiosos: de quem é a paternidade da expansão da Caixa Geral de Depósitos em Espanha, através de uma eventual compra do banco Atlántico?
Será uma instrução do primeiro-ministro e da ministra das Finanças prontamente executada pelo presidente da Caixa Geral de Depósitos? Ou será uma iniciativa de António de Sousa que, para abrilhantar o seu final de mandato com uma lança em Espanha, convenceu o accionista Estado?
Será, em suma, uma decisão de gestão com consequências políticas ou uma opção política travestida de acto de gestão?
A questão terá a maior relevância para quem vive atemorizado com a eventual veracidade dos rumores segundo os quais a compra pela Caixa de um banco em Espanha terá como contrapartida um acordo político que reforçará a posição da banca espanhola em Portugal.
Não é, porém, essa a questão central. Num mercado aberto o curso natural das coisas é que os bancos espanhóis reforcem, se possível dentro dos limites do bom senso, a sua posição em Portugal e que, em muito menor escala, os bancos portugueses vão entrando paulatinamente em Espanha.
Num mundo ideal poder-se-ia crer que o sistema financeiro português seria o último reduto dos centros de decisão nacional, uma espécie de aldeia dos gauleses dos livros de banda desenhada. A desconstrução desse mundo ficcionado, pela dinâmica das economias ou pelas cedências dos políticos, deverá reduzir-se a uma mera questão de tempo.
A questão central é, sim, a de saber se valerá a pena o esforço da Caixa Geral de Depósitos. Se a posição que o banco público adquire em Espanha valerá o investimento e pagará o ónus do precedente que vai inevitavelmente criar. Se ao foguetório decorrente de uma eventual vitória da Caixa não se seguirá uma ressaca dolorosa. A dúvida é legítima atendendo ao rol de insucessos do banco público em matéria de internacionalização, nomeadamente em Espanha.
Portugal tem este terrível defeito de viver de fogachos, de se impressionar com a espuma dos dias e desmerecer o equilíbrio e a consistência.
É essa atracção pelo abismo, pelo ilusório que faz faísca, que poderá fazer a Caixa Geral de Depósitos subir a parada na corrida por um pequeno banco espanhol com capitais líbios.
Entretanto algumas perguntas continuam por responder. Como e por ordem de quem foi introduzida entre as votações na generalidade e na especialide do Orçamento uma verba de 400 milhões para financiar a operação da Caixa? Estarão a Caixa e a economia portuguesa em condições de ir para Espanha e em força com o dinheiro dos contribuintes? Ou ficará esta operação recordada como uma triste ‘nacionalização’ de um banco privado espanhol por uma instituição pública portuguesa? Nem Vasco Gonçalves, nos anos loucos da revolução, foi tão longe com os bancos estrangeiros… em Portugal.
Escusado será dizer que os oráculos desta Grande Loja não auguram nada de bom ... e não se pode dizer que não tenhamos avisado a tempo e horas.
Entretanto e não tendo rigorosamente nada a ver com nada, também nós fomos espreitar o novo look do antigo jornal online do amigo íntimo de Santana, Mexia & C.a Luis Delgado - o Diário Digital. A reter, a integração no SAPO, pelo que se presume que houve uma entradazinha de capital do universo PT, com venda ou não de cotas, e os patrocinadores no espaço nobre de publicidade, a Galp Energia e a Somague...
P.S. Com um atraso inqualificável, também metemos água às vezes, agradecemos as palavras amáveis do FNV do Mar Salgado.
Publicado por Manuel 20:39:00
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