breve ensaio sobre a cegueira.
quarta-feira, dezembro 10, 2003
Desculpem-me a franqueza mas o autor do Terras do Nunca é literalmente um neo-revisionista.
Onde ocorrem conversas sérias sobre problemas reais vê o "empobrecimento do debate a que assistimos por todo o lado"
Permite-se a veleidade do alto do Olimpo de escrever nacos como "Tivesse eu a mania da perseguição ou simplesmente o raciocínio apressado que faz os nossos dias e a esta hora estaria aqui a escrever que a blogosfera portuguesa foi atacada por uma conspiração judaica. Isto a avaliar pelo volume, e por vezes o tom, das reacções que surgem sempre que se fala de judeus, anti-semitismo e temas conexos", etc, etc, ...
Para quem vê o empobrecimento do debate e cabalas, de presumiveis lunáticos, em todo o lado, a interpretação que é feita de uma prosa nossa, entitulada "para memória futura: O pântano, ou o regresso do equílibrio no terror", e posterior explicação dessa interpretação, são do mais puro terrorismo e desonestidade intelectual possiveis.
Mas vamos por partes, diz jmf:
A minha discordância com a GL começa logo na interpretação das palavras de Soares. O homem compara a investigação nos Açores com a falta de investigação na Madeira, não fala no Continente. Por isso, acho que não faz sentido falar em «branqueamento» do que se passa no Continente.
O problema do discurso de Soares é outro e infinitamente mais grave! Soares relativiza objectivamente o crime que é a pedofilia, já que nos Açores não terá morrido ninguém (os infelizes até seriam "bem" pagos, não o disse mas de certeza pensou) enquanto que na Madeira terão existido vítimas.
Ora o problema é que a pedofilia não é mais ou menos crime, não é mais ou menos hedionda, dependendo desse tipo de efeitos colaterais.
É abominável, ponto final.
Em segundo lugar, é óbvio como o FNV do Mar Salgado em boa hora apontou que "Soares está uma vez mais a insinuar que nestas "coisas" os tribunais, a PJ, a Procuradoria, o MP, têm uma bitola diferente consoante se trata do PS ou do PSD, favorecendo claramente este último".
Ora isto tem tudo, mas tudo, a ver com o que se passa no Continente.
É esta a essência da tese da Cabala!
depois vem,
Depois, parece-me que Soares diz explicitamente que gostaria de ver tudo investigado e não implicitamente que gostaria de ver tudo abafado. [É curioso, freudiano mesmo, que a GL quando fala em «ilhas» esteja a pensar na Madeira e quando fala em «Continente» baralhe o verdadeiro continente com os Açores - gato escondido... ou a política a baralhar o raciocínio.]
Eu quando falei em ilhas não fiz distinção de arquipélagos, ponto final. Freudiano, ou pavloviano, é tresler o contrário. Além de que é absolutamente insultuoso insinuar sequer que por razões partidárias fazemos distinções. Nesse capítulo, e em particular no que à pedofilia diz respeito, os nossos arquivos falam por sí.
Quanto à peregrina tese de que Soares quer tudo explicadinho, esta é linda, tão densa que para Soares a explicação/insinuação é a tese da cabala pura e dura.
a rematar temos ...
Discordo também da GL quando faz uma referência ao «bloco central» para recusar uma lógica de contrapesos na investigação. Porque não é nada disso que está em causa. O que está em causa é que, há vários anos, que se fala em rumores de pedofilia nos Açores, na Madeira e no Continente. [Ontem, Mota Amaral, diz que no seu tempo, há uma década, já havia rumores, e o que me espanta é que ninguém se espante que só agora estejam a ser feitas investigações]. Pois bem, o que Soares disse, embora de forma atabalhoada, é que se investiguem todos os rumores. Porque a lógica de justiça tipo bloco central, que a GL tanto abomina, parece ter sido substituída por uma lógica de justiça tipo AD, em que só se investigam os rumores se a investigação prejudicar um determinado lado.
Acima de tudo, não vejo como é que eventuais investigações na Madeira poderiam branquear, ou sequer ofuscar, as que decorrem no Continente ou nos Açores.
Acima de tudo, não vejo como é que eventuais investigações na Madeira poderiam branquear, ou sequer ofuscar, as que decorrem no Continente ou nos Açores.
Aquí jmf, enfim revela-se e subscreve finalmente, e na integra, a tese da cabala ao admitir a sua sedução pela "lógica de justiça tipo AD"
Quanto ao facto de jmf não ver ligações entre as ilhas e o continente nós explicamos: Nos três lados há, só e apenas, pedófilos. Não há alminhas inocentadas à partida por serem da cor A, B ou C nem alminhas condenadas à partida por serem da cor contrária. Não há meio termo possível.
Ora não foi nada disto que Mário Soares veio dizer, nem de perto nem de longe. Mário Soares veio lançar (novas) suspeitas de maquinação pura e simplesmente.
Antes já jmf se tinha descaído ao dizer que "Soares fala daquilo de que toda a gente fala. Infelizmente, não lhe posso dizer mais nada, sob o risco de ser acusado de Muito Mentiroso."
Como ? Muito Mentiroso ? aquilo era credível ? alguma vez foi ? uma das mais cobardes e sacanas campanhas de contra-informção de que há memória e jmf diz que se falar pode ser confundido com esses patrioteirozecos do GOVD ? é essa a referência moral do jmf ?
Voltando à cabala, e porque cada um acredita no que quer, e muitos jmfs existiam no tempo da República de Weimar, só uma perguntinha a jmf: Admitamos por absurdo que o PS e Ferro tinham razão na questão da cabala e no envolvimento da dupla Portas/Pedro Guerra. Como se explica então que o mesmo PS tenha agora entregue de bandeja a tutela do DIMIL a Portas ? É uma questão bem mais importante que os perús e discursos de plástico ...
P.S. jmf não tem que concordar connosco, estamos em democracia. O que tem é de ler e comentar, se quiser, o que os outros realmente escrevem e não posts ficcionados. A insinuação de que o nosso primeiro post é "ambivalente" é tão torpe que não nos merece qualquer comentário.
Publicado por Manuel 21:21:00
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