Os novos estádios
sexta-feira, novembro 14, 2003
Em meia dúzia de semanas, o país futebolístico ficou com um conjunto de novos estádios. Mesmo os que foram remodelados (Guimarães, Leiria e Coimbra) podem considerar-se como novos, tão transformados ficaram — e para melhor.

Esta é daquelas questões que dão mesmo para tudo: gastou-se dinheiro a mais? Obviamente que sim. Largar centenas de milhões de contos (no total de todos eles) em anos de aperto orçamental parece imoral? Claro que sim.

Mas a coisa não é tão simples assim. Comparar-se logo esses gastos com o dinheiro que não há para investir na Saúde pode ser perigoso,e demagógico. É preciso perceber que grande parte do financiamento que apareceu foi angariado pelos clubes promotores (nomeadamente no caso dos grandes). Gastaram-se verbas gigantesas, com certeza, mas parte delas vão ter retorno. As empresas que meterem dinheiro nos projectos de Benfica, Sporting e Porto sabem disso: e já estão à espera de encher os cofres com o que vem aí de receitas comerciais e novos espaços de lazer. O exemplo da nova Luz é, nesse aspecto, paradigmático. As novas Antas são também um belo exemplo de como se pode transformar um problema num benefício próprio.

O que se pode pôr em causa não são, curiosamente, os grandes investimentos, porque esses vão mostrar-se viáveis. O problema são os médios projectos (Leiria, Coimbra, Algarve, Guimarães, Braga e Aveiro). Avançar-se para estádios com a capacidade de 35 mil lugares quando já se sabe, à partida, que as médias de espectadores por jogo dessas equipas não ultrapassa os 5 mil, isso sim é irresponsável.
Não ganhávamos a candidatura só com seis estádios? Paciência. Então é porque não valia mesmo a pena tentar. Mas a partir do momento em que a UEFA atribuiu a coisa a Portugal, a vergonha só pôde ser evitada com muita imaginação à mistura. E algum (muito) desperdício pelo meio...
Entendamo-nos: durante o Euro, os estádios vão estar cheios. Todos os sinais apontam para aí. Mas o pior vai ser depois: seis estádios às moscas, seis monstros vazios, expondo megolamanias de quem não se olha ao espelho.
Publicado por André 19:54:00
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