"Tiro ao PGR"
quarta-feira, outubro 22, 2003
(...) O terceiro e principal objectivo do Presidente era o de condenar a guerra surda que se trava nos bastidores do processo da Casa Pia e da qual resulta a «criminosa e despudorada violação do segredo de Justiça» que, diz Sampaio, não pode ficar impune. Aqui, sim, foi francamente esclarecedor e terrivelmente eficaz.
Tão eficaz que logo se levantaram vozes a pedir a cabeça do Procurador-Geral da República, começando pelo Bastonário da Ordem dos Advogados. Júdice parte do princípio, muito conveniente para quem lidera a organização de classe dos advogados - que tem muitos e poderosos membros envolvidos neste processo, como se sabe –, de que vem do Ministério Público a «despudorada e criminosa violação do segredo de Justiça». Ora, a menos que Júdice e os comentadores mais ansiosos por sangue tenham informação privilegiada sobre a origem das fugas relativas às escutas, o Ministério Público não é de forma alguma o único suspeito.
A realidade revela-se, quase sempre, bem mais complexa do que a imaginamos.
E muitas vezes não basta fazer a pergunta clássica - «a quem aproveita o crime ?» - para chegar à verdade.
A pressa com que, à boleia do discurso do PR, se declarou aberta a sessão de tiro ao procurador é, pois, no mínimo precipitada - senão bastante suspeita.
Fernando Madrinha, Editorial do Expresso Online
Publicado por Manuel 13:16:00
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