"O descontrolo"
segunda-feira, outubro 13, 2003
O Diário Económico de hoje traz um Editorial notável, ainda mais depois de se ver/ouvir Ana Gomes, qual peixeira da doca de Matosinhos, esta noite nos Jornais da Noite da SIC e da TVI, que se transcreve:

Editorial > 2003-10-13 00:01
Ana Gomes veio esclarecer o país, numa entrevista ao Diário de Notícias, de que a tentativa de ligar Paulo Pedroso ao caso de pedofilia não configura uma cabala, mas, sim, uma «urdidura».
A dirigente socialista não revelou, porém, se os factos se poderiam enquadrar no conceito de intriga ou assumir uma simples, mas pérfida, tramóia. Mas, no seu estilo impulsivo e de catarse, foi categórica: a justiça é vítima, neste processo, de uma maquinação, pelas «suas insuficiências».
À margem da semântica, valerá a pena reflectir nas palavras da dirigente do PS.
Quando diz que «as acusações contra Paulo Pedroso não têm ponta por onde se lhe pegue» e «são escandalosamente aleivosas», Ana Gomes, pelo cargo que ocupa, está a revelar o grau de respeito que merece ao principal partido da Oposição o sistema de Justiça. E que está, numa versão generosa, abaixo de zero.

Quando afirma que está «profundamente convencida da inocência» de Paulo Pedroso, Ana Gomes sobrepõe, uma vez mais, a emoção à razão. Por mais fortes que sejam as ligações de amizade e solidariedade que a unem ao arguido, o eventual envolvimento de um alto dirigente político num caso de pedofilia não pode ser retirado, por quem tem responsabilidades públicas, do plano judicial para resumir-se a uma mera lotaria de palpites e intuições.
Quando refere o «abandalhamento e infiltração das instituições por esquemas perversos», uma deputada da Nação tem de pesar as palavras, fundamentando-as ou apresentando provas do que afirma. A frase, assim, solta e descontextualizada, é de uma ligeireza que atinge a credibilidade de Ana Gomes e, sobretudo, do partido que representa.
Independentemente da inocência ou culpa de Paulo Pedroso – que cabe aos tribunais apreciar –, a entrevista de Ana Gomes vem esclarecer, de uma vez por todas, que o PS não está a saber lidar com a eventual ligação de um dos seus dirigentes a um caso de pedofilia. Esse misto de precipitação e imaturidade fica-lhe mal, além de instabilizar e contaminar a relação dos cidadãos com os partidos.
Onde deveria haver tranquilidade e confiança na independência do poder judicial, floresce uma torrente de emoções desajustadas e uma sequência, nunca explicada, de insinuações que descrevem o país e as suas instituições como um pântano viciado, despojado de regras e valores.
Ao PS pede-se que seja oposição, com propostas credíveis e soluções alternativas. Num país em que o Governo chega atrasado a todas as crises, essa missão está longe de ser impossível.
A não ser que o descontrolo de Ana Gomes faça doutrina – e o principal partido da oposição prefira substituir-se à Justiça em detrimento do objectivo natural de ser Governo.
disgusting
P.S.: Antes desta fuga para a frente, Ana Gomes andou pelos cantos a chorar baba e ranho afirmando que as suas declarações que tinham sido postas no ar, inicialmente, por uma Rádio Local exprimiam o seu pensamento mas não eram para ser publicitadas urbi et orbi ...
Publicado por Manuel 20:21:00
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