fiat lux...
segunda-feira, outubro 20, 2003
A 19 de Maio, dois dias antes da prisão de Paulo Pedroso, a PJ intercepta uma conversa entre Ferro Rodrigues (FR) e António Costa (AC), divulgadas ontem à noite pela SIC.
Os dois afirmam que o Presidente da República «já tinha sido informado da situação» e prepararam-se para «a possibilidade de uma intervenção rápida». Neste contexto, segundo o Ministério Público (MP), fala-se em Pedro Santana Lopes. «O dr. Lopes que é bem informado e que poderia ir informar alguém».
E «o gajo da Pedro Álvares Cabral», que o MP diz ser Morais Sarmento, e que já teria sido informado da alegada cabala e assumido o compromisso de não falar com ninguém sobre esta matéria a não ser com o «chefe» dele. O MP apurou ser o primeiro-ministro.
A 20 de Maio, FR e AC discutem a forma como hão-de apurar o teor do encontro entre «o gajo do almoço de hoje» e o Presidente, em que alegadamente se terá discutido «o caso do deputado do PS envolvido na coisa da Casa Pia». Para o MP, o gajo era o PGR.
Noutro telefonema, os dois discutem a possibilidade de conversar com Marcelo Rebelo de Sousa, para que este pressionasse a opinião pública em sentido favorável à defesa do arguido.
A 21 de Maio, meia hora antes da conferência de imprensa de Pedroso, a PJ intercepta uma conversa entre João Pedroso e Vieira da Silva sobre o teor da conferência de imprensa que o arguido ia dar. Para o MP, a conversa revela esforço em demonstrar que não se perceba a intenção de perturbar o processo.
João Pedroso: «A minha dúvida é ficar a ideia de que ele vai perturbar a prova. Porque vai perseguir os caluniadores mas ele não pode dizer outra coisa.»
Vieira da Silva: «Ele não pode deixar de dizer isso. Isso é o aspecto central disto tudo.»
No mesmo dia, às 18.37, FR e Mariano Gago concordam que o Presidente não podia intervir directamente nesta questão, tal como o próprio FR, e concluem que «outros o podem fazer».
FR telefona a Mark Kirkby, seu chefe de gabinete, e pede-lhe para «puxar dos galões» e tornar pública a natureza do despacho do juiz Rui Teixeira, revelando-o ao seu «chefe» que o MP apurou numa outra conversa ser Marcelo Rebelo de Sousa.
Pouco depois, às 18.55, FR diz a AC que «a fileira de que são conhecidos os nomes deveria ser divulgada em off junto de algumas pessoas». O MP diz que FR quando foi ouvido no DIAP explicou que a fileira tinha a ver com «pessoas ligadas a gabinetes ministeriais e a altas instâncias do Estado» que pertenciam a uma organização que levantou urdidura contra o arguido, o PS e ele próprio.
O Ministério Público diz que não se espantou quando ouviu da boca de FR a frase «tou-me cagando para o segredo de justiça» porque já o tinha ouvido dizer também que o processo não pode ser resolvido «num plano tão elevado mas antes à canelada».
Publicado por Manuel 00:20:00
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