Alberto João e Pacheco Pereira : A mesma Luta ?
sábado, outubro 04, 2003
Alberto João Jardim, hoje na Covilhã saíu-se com estas pérolas :
A demissão de Pedro Lynce do Ministério da Ciência e do Ensino Superior é um «pequeno episódio» da vida política, considerou este sábado o presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, na Covilhã.
«O país tem problemas muito mais importantes do que estes pequenos episódios, independentemente do valor ético ou moral que se lhes possa atribuir», considerou Alberto João Jardim, escusando-se a comentar as circunstâncias da demissão.
Entretanto José Pacheco Pereira diz que:
"(...) Não sei se, em casos como este, a demissão é aceitável; isto é difícil de discutir a quente, porque já se perdeu toda a medida.
Mas que se está a dar uma banalização da demissão, está. À mais pequena coisa, ela é pedida, e à mais pequena coisa, ela é concedida.
E depois há toda uma enorme injustiça: à luz desta história, apesar de tudo uma pequena história, que gravidade não teriam os procedimentos “Modernos”?
Onde está a medida? A única que existe é a pressão mediática. Eu, quando ouço alguém dizer que dá a sua “palavra de honra”, aceito-o, mas isso também são hábitos pré-burocráticos.
Está-se a criar uma noção de “culpabilidade objectiva”, que vem dos media (e que tem encontrado em Marcelo Rebelo de Sousa, ele próprio um barómetro dos media, obcecado com o “parecer”, uma voz ouvida) , que introduz na política o princípio da presunção da culpa.
Esta forma moderna de cinismo é uma variante do populismo. As massas pedem a “castração”, os jornalistas dizem-lhes todos os dias que é da natureza da política mentir ou encobrir, e as vozes juntam-se. "
É óbvio que a prosa de Pacheco tem uma profundidade que o Alberto João jamais atingirá mas, convém notar a convergência - pelo menos formal - dos dois discursos ...
Pacheco não gosta dos media (marcada influência McLuhan) mas omite o essencial. Ele próprio - o babado Pacheco com um blog no top 100 da Technorati - tem mais força que muitos media juntos ...
McLuhan achava o sistema condenado à implosão porque uns poucos controlariam toda a difusão.
O gozo é que, apesar da incredulidade de JPP, já são muitas vezes os media alternativos a marcar a a agenda dos media tradicionais e até do próprio JPP. Sinal dos tempos !
Há depois uma outra questão que não pode ser menosprezada. A participação cívica de todos não implica necessariamente o populismo, nem é sinónimo de democracia directa (à Ross Perot, ou ao sopro dos polsters e das sondagens).
O sistema está a mudar, e estando JPP no epicentro da mudança é incrivel que ainda não tenha percebido isso!
Se Portugal é o País do mundo com maior percentagem de blogs per capita por alguma razão é ...
Blogar já é uma forma de cidadania e participação cívica e se as ortodoxas élites e aparelhos partidários não perceberem isso, então também elas - tal como são definidas e escolhidas actualmente - irão ter o mesmo fim destinado ao nosso PC ...
O futuro dos blogs, implicará, não um populismo qualquer, mas pura e simplesmente aquilo que sempre deveria ter existido - o regresso da meritocracia ... (confusos ? um dia eu explico)
Uma nota final para a infelicidade de Pacheco ao meter a Moderna e Portas ao barulho. Desde quando, e em que ética, é que um erro - a manutenção de Portas no Governo justifica outro ( a manutentenção do MNE e de Lynce) ?
Se JPP quiser ser consequente então que diga "ipsis verbis" que Durão ao despachar Lynce, e não ter despachado Portas, não tem condições éticas e morais, objectivas e subjectivas, para continuar Primeiro-Ministro, senão apresenta-se como muito mais "insider" e do aparelho do que ele próprio se imagina ...
É a vida, é o que é ...
Publicado por Manuel 18:07:00
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